As penas dos agentes passaram de 275 anos e 11 meses de reclusão para 238 anos, 3 meses e 15 dias de prisão.
A Justiça manteve a condenação de quatro policiais militares por participação na Chacina do Curió, que deixou 11 pessoas mortas em Fortaleza, em novembro de 2015, após apelo da defesa dos policiais condenados pedir o fim da pena. O recurso da defesa dos réus foi julgada nesta terça-feira (5), ocasião em que os agentes tiveram o tempo do cumprimento das penas diminuídos.
Os advogados dos agentes Marcus Vinícius Sousa da Costa, Antônio José de Abreu Vidal Filho, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio, que foram julgados em junho de 2023, alegaram inépcia (falha) na denúncia, inexistência de desmembramento processual (acusações individuais contra cada acusado), falta de tempo razoável para apresentar a tese jurídica, além de outras argumentações.
Desta forma, os advogados solicitaram a anulação do julgamento, a revisão da pena e a absolvição dos réus, que foram condenados a penas que somadas chegam a 1.103 anos e oito meses de prisão.
De acordo com o Tribunal de Justiça, ao analisar o recurso, os magistrados negaram os pedidos para anular o julgamento e para absolver os acusados das condenações, mantendo a condenação pelos crimes de homicídio consumado qualificado (11 vezes); tentativa de homicídio qualificado (três vezes); tortura física (três vezes); e tortura mental (uma vez).
Já em relação à redução das penas, a Justiça aceitou o argumento da defesa, passando de 275 anos e 11 meses de reclusão para 238 anos, 3 meses e 15 dias.
O recurso de apelação teve como relatora a desembargadora Marlúcia de Araújo Bezerra. Também participaram do julgamento as desembargadoras Andrea Mendes Bezerra Delfino (presidente) e Ângela Teresa Gondim Carneiro Chaves.
Confira como fica a penas dos policiais militares:
- Marcus Vinícius Sousa da Costa: 238 anos, 3 meses e 15 dias de prisão. As penas correspondem a 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar.
- Antônio José de Abreu Vidal Filho: 238 anos, 3 meses e 15 dias de prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar.
- Wellington Veras Chagas: 238 anos, 3 meses e 15 dias de prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar.
- Ideraldo Amâncio: 238 anos, 3 meses e 15 dias de prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídio, 4 crimes de tortura física e mental. Prisão em regime fechado de imediato sem direito de responder em liberdade e perda do cargo de policial militar.
Antônio José de Abreu está morando nos Estados Unidos desde 2019. Ele havia se mudado e desertado da Polícia Militar. O agente, que participou do julgamento por videochamada, foi preso pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) em agosto de 2023.
Julgamentos
Vinte acusados do massacre que deixou 11 pessoas mortas em Fortaleza em 2015 foram julgados em 2023. — Foto: Calvin Penna/TJCE
O julgamento dos acusados de participação na Chacina do Curíó foi dividido em etapas; três delas foram concluídas:
- Primeiro julgamento, de 21 a 25 de junho de 2023: quatro policiais foram condenados.
- Segundo julgamento, de 29 de agosto a 6 de setembro de 2023: oito PMs foram inocentados. O Ministério Público recorreu da sentença.
- Terceiro julgamento, de 12 a 16 de setembro de 2023: dois policiais foram condenados e seis foram absolvidos.
Foram realizados três júris que duraram, ao todo, 214 horas e 30 minutos, sendo considerados os mais extensos do Tribunal de Justiça do Ceará. Os processos ultrapassam 13 mil páginas.
Dos 30 réus, dez ainda não foram julgados. Segundo o TJ, eles poderão ser levados à Júri Popular caso a sentença de pronúncia seja mantida nas instâncias superiores.
TV DO CARIRI;
POR G1-CE;