A Vigilância em Saúde do Estado do Ceará e a Secretaria da Saúde de Morada Nova afirmaram estar investigando o caso. De acordo com o secretário de saúde, cerca de 200 funcionários foram atendidos na UPA desde a última quinta-feira (14) com casos de diarreia, vômito, febre, e mais.
Funcionários de uma fábrica de calçados da cidade de Morada Nova estão denunciando a contaminação de água na empresa. Eles afirmam que após consumir o produto no local tiveram sintomas como diarreia, vômito e febre, e precisaram recorrer à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade na última quinta-feira (14).
Em nota, o secretário de Saúde da cidade, Luiz Carlos da Silva, disse que a Vigilância em Saúde do Estado do Ceará e a Secretaria da Saúde de Morada Nova estão “conduzindo investigações rigorosas para esclarecer a suspeita de contaminação ocorrido na Coopershoes”. De acordo com o titular da pasta, cerca de 200 funcionários precisaram de atendimento na UPA. Outros estão recebendo suporte de um hospital da região.
Uma equipe foi mobilizada para coletar amostras de alimentos e água que possam estar relacionados ao incidente. Esses materiais serão enviados ao Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (LACEN-CE) para análises. A expectativa é que até a próxima terça-feira (19) haja um resultado.
Também por meio de nota, a Coopershoes afirmou que “ao tomar conhecimento da procura de membros da comunidade nos postos de saúde, imediatamente notificou a Secretaria de Saúde de Morada Nova no dia 14 de novembro de 2024.”
“No mesmo dia, a Vigilância Sanitária realizou uma inspeção nas instalações da empresa para verificar possíveis fontes de preocupação. Além disso, procedemos à coleta de amostras de água e alimentos, que foram encaminhadas para análise em um laboratório credenciado do estado, na cidade de Fortaleza. Estamos aguardando os resultados dessas análises e, assim que forem disponibilizados, compartilharemos todas as informações com os órgãos responsáveis, reafirmando nosso compromisso com a segurança e o bem-estar de nossos colaboradores e da comunidade.”
Relatos
Uma funcionária da empresa que trabalha no local há três anos contou ao g1 que desde a segunda-feira (11) começaram os relatos de trabalhadores sentindo enjoos.
“Quinta-feira começou um surto total: gente saindo (da empresa) de cadeira de rodas. Inclusive, vi um rato caindo em cima do bebedouro de um setor. Enfim, ratos por todo lado”
A funcionária é uma das atendidas pela UPA da cidade. Ela teve um diagnóstico de leptospirose e disse que não urina há três dias. “Notei que a água estava com um gosto estranho. Comecei a sentir dor nos rins, muita febre, dores nas pernas e nos braços, manchas vermelhas no corpo. E estou sem urinar, o que foi crucial para o diagnóstico.”, relatou a trabalhadora.
Outra funcionária disse que também tem sintomas desde a quinta-feira. Ela teve um diagnóstico de diarreia e gastroenterite de origem infecciosa.
“Passei meu horário todo bebendo água. Quando voltei do descanso, havia comentário de que havia ratos na caixa d’água. Parei de beber água. Meia-noite, comecei a sentir meu corpo todo quebrado, vomitei muito. Ainda estou vomitando, com diarreia e dor de cabeça”, contou.
Ela também está na empresa há três anos e relata que já viu ratos pela fábrica, especialmente nas esteiras de produção.
Uma terceira funcionária que aceitou falar com o g1 disse que na última semana a água da empresa apresentava cor diferente, aparentando estar suja. “E mesmo assim tivemos que beber porque não podemos levar água de casa, eles não aceitam entrar (…) Na quinta, algumas pessoas não conseguiam nem chegar ao banheiro e vomitavam na porta (da empresa).”.
De acordo com a fonte, a fábrica é um dos principais polos geradores de emprego da região.
Um quarto funcionário foi atendido na UPA da cidade na manhã deste domingo (17) afirmando sentir sintomas como febre, dor de barriga e na cabeça, vômito, fraqueza, sem vontade de comer, garganta seca e inflamada.
Ele disse que começou a sentir os incômodos na quinta-feira também, mas resolveu retornar à UPA no fim de semana quando sentiu seu estado agravar.
O g1 questionou a empresa sobre os relatos de ratos circulando no ambiente e falta de higiene no local e aguarda resposta.
POR G1-CE;